sábado, 9 de agosto de 2008

Bíblia, Palavra de Deus e Igreja

A Bíblia é a Palavra de Deus! – canta-se em nossas igrejas. Mas deveríamos entender: a bíblia (mas não só ela) manifesta a Palavra de Deus.
O homem pode, somente com sua razão natural, chegar a reconhecer Deus. De fato, muitos filósofos admitiram a necessidade e existência de um ser absoluto, eterno, causa e fim de tudo que existe. Mas uma compreensão mais fácil e sem erro desse Ser se dá somente com sua auto-revelação. Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho (Heb. 1, 1-2). A Palavra eterna de Deus se encarna e nos dá a conhecer a plenitude do mistério divino.
O Verbo eterno entrou no tempo (Jesus) e comunicou a vida íntima de Deus aos homens daquele tempo, deixando o mandato do ensino: àqueles que escolheu prometeu assistência infalível do seu próprio Espírito, para que todos os povos participassem dessa revelação. Esse grupo, inicialmente os doze apóstolos liderados por Pedro, depois seus sucessores, se tornam o critério da verdade.
Posterior no tempo, mas tão importante quanto essa Sagrada Tradição Apostólica, é a Sagrada Escritura. Deve-se ter em mente que o que está escrito é o que era pregado. A palavra é anterior à escrita. O Antigo Testamento foi escrito durante aproximadamente mil anos, terminado por volta de dois séculos antes de Cristo. O Novo Testamento começou a ser escrito por volta do ano 50 depois de Cristo (duas décadas depois de sua pregação!) e só terminou por volta do ano 100. Muitos outros escritos haviam por esse tempo que não entraram no conjunto do que conhecemos hoje como Bíblia.
Para a escolha dos livros do Antigo Testamento, que é patrimônio também dos judeus, houve duas tradições. Os judeus de Alexandria, colônia grega no Egito, por volta do ano 200 a.C. escolheram 46 livros, dentre os quais 39 escritos originalmente em hebraico, que foram traduzidos para o grego. Essa versão é conhecida como Septuaginta ou “tradução dos Setenta” ou simplesmente “LXX”, referência aos setenta sábios que teriam feito a tradução para o grego. A segunda tradição é de apenas 39 livros. Judeus nacionalistas reunidos em Jamnia por volta do ano 100 d.C. rejeitaram os livros escritos em grego (1 e 2 Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico, Sabedoria, Baruc e trechos de Daniel e Ester).
Já os Apóstolos utilizavam a versão grega em suas pregações. Aliás, todo o Novo Testamento foi escrito em grego. Desse modo compreende-se que a Igreja Católica tenha assimilado os 46 livros do Antigo Testamento.
Também houve controvérsias na escolha dos livros do Novo Testamento. Os livros de Tiago, Hebreus, Apocalipse, 2 Pedro, 2 e 3 João e Judas foram questionados por muito tempo. Aos poucos as próprias comunidades iam rejeitando alguns escritos, que hoje conhecemos como apócrifos. A definição do elenco dos atuais livros da nossa bíblia veio primeiramente por meio de Concílios Regionais como o de Roma (382 d.C), Hipona I (393 d.C), Cartago III (397 d.C). Uma definição universal veio no Concílio Ecumênico de Florença em 1442, reiterado em 1545 no Concílio de Trento, contra a Reforma Protestante que adotou somente 39 livros do Antigo Testamento.
Assim, a Bíblia como a conhecemos é fruto da Igreja Católica, da Tradição Apostólica. Ambas – Sagrada Escrita e Sagrada Tradição – estão a serviço da Palavra de Deus. A Bíblia, sem a devida e autêntica interpretação da Tradição que a criou, pode se tornar letra morta.


Cf. CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina. 1965. Disponível em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html

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