terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Balanço: Silas Malafaia x Gabi



Com grande repercussão nas redes sociais, o programa “De frente com Gabi”, de Marília Gabriela, entrevistou o polêmico Silas Malafaia, conhecido por ser contra a PLC 122 (“lei da homofobia”) e recentemente por ter sido revelada a sua fortuna pessoal.
A entrevistadora chega a dar chilique ao discordar do entrevistado

Os comentários, porém, quase na totalidade, foram unilaterais, aprovação ou reprovação total de um ou outro (Silas ou Marília). Tentarei fazer um balanço mais detalhado e colher o melhor e o pior da entrevista.

A “conversa” começa com o assunto da fortuna, publicada pela revista Forbes como sendo o terceiro pastor mais rico do Brasil. Ele se aproveita do espaço para tentar explicar de onde vem, segundo ele, seus 4 milhões de reais (não 300 milhões da Forbes). Explica, mas não convence, porque mesmo 4 milhões é muito por ter origem, segundo ele, em “palestras”, venda de livros e DVD’s. Diz ainda que renunciou ao salário de pastor.
O problema começa a piorar depois que a entrevistadora se converte em debatedora e recusa a explicação, que questionava a veracidade dos números e a intenção da revista. Aí a debatedora cita, como era de se esperar, a teologia da prosperidade.
Malafaia tenta diferenciar a prosperidade que seria bíblica do “besteirol da teologia da prosperidade”. “Prosperidade não é só finanças”, tem a ver com bem-estar, segundo ele. Ora, mesmo assim essa teologia da prosperidade branda é falha, simplesmente porque Jesus ensina que o seu Reino não é desse mundo e que teríamos – sempre – muitas aflições. Nesse ponto, a agora debatedora tentou fazer um bom questionamento, mas a falta de conhecimento de ambos não deixa o assunto ficar claro, muito menos esclarecedor, tomando nada menos que 17 minutos.

O segundo bloco começa com o tema do homossexualismo, que a (já assumida) debatedora interrompe de segundo em segundo (inclusive “corrigindo” o termo para homossexualidade) tentando contrapor a explicação do entrevistado, que nesse ponto, por causa da sua oposição ao PLC 122 e sua formação de psicólogo, demonstra muito mais conhecimento que a jornalista papagaia pró “casamento” gay. Onde já se viu entrevistador julgar a resposta do entrevistado? “Você está exagerando, Silas!”, interrompe ela, mais de uma vez.

O debate debanda para o conceito de família. Vem “pérolas” dos dois lados. O pastor cita, acertadamente, que adultério e prostituição são pecados, logo depois diz que o divórcio seria “permitido pela Bíblia”! Marília, em seguida, questiona que conceito de família o pastor defende, já com um preconceito hilário, antes mesmo da resposta: “que conceito de família é esse que desde Jesus Cristo não foi revisto?” Uai, tinha que ser revisto?

Depois, Silas, psicólogo, dá mais uma aula sobre a possibilidade de reorientação de homossexuais. Neste ponto não houve intervenção, mas logo Marília vem com um caso hipotético absurdo: se uma mãe não tem condições de criar seu bebê e um “casal” homossexual quer adotá-lo. O pastor rapidamente aponta o absurdo da hipótese, pois não existem só homossexuais tentando adotar, ao que rapidamente ela tenta interromper com o conceito das “novas famílias”. O próprio Silas cita quando um jornalista perguntou como seria se ele tivesse um filho homossexual (“amaria cem por cento e reprovaria cem por cento”), ao que ela tem um ataque de condenação (“Seria um inferno na vida dele!”, gritando e meneando a cabeça), fazendo o que ela diz rejeitar: julgamento.
Terceiro bloco: política e religião, menos de um minuto, nada de mais. Depois, o pastor explica como são formados seus pastores de nível médio, seus salários (de 4 a 20 mil) e as perspectivas do “negócio”.

Marília pergunta sobre o Papa. “Respeito, mas não reconhecemos como sucessor de Cristo... Ele não deixou ninguém pra comandar...”.
Ah, tá... “apascenta os meus cordeiros... confirma os teus irmãos” dito a Pedro era piadinha de Jesus.
E Malafaia alfineta: “Só esqueceram de avisar eles [os católicos] que Pedro era casado”.
E o Quico, pastô? Onde estava a esposa de Pedro, seus filhos? Onde estava a esposa de Paulo, que recomendou o celibato, ou do próprio Jesus, que elogiou o celibato por causa do Reino dos Céus?

Último bloco, o bate-bola:
Divórcio: “sou contra” (contradiz o que disse antes)
Casamento: “a favor”
Morar junto: “contra, a não ser que sejam casados”. Aqui a debatedora quase replica, mas logo desiste (talvez pelo tempo).
Judaísmo: “antecessor do cristianismo”
Islamismo: “um radicalismo muito horroroso para o que a gente chama de religião”. Ela faz graça, insinuando que ele seria um radical. Toma tréplica à altura, mas logo corta com a próxima:
Parada gay: publicidade mentirosa (sobre os números falsos de participantes)
Silas por Silas: muito chato, fala alto, idealista, não abre mão da família.
Na despedida o pastor deseja uma bênção a ela e a todos, e ela solta: “Que o meu [Deus], que não sei se é o mesmo seu, te perdoe”. Ou seja, se coloca de novo como juíza dos pecados, coisa que tanto odeia.

Avaliação geral:
Condução da entrevista: Silas (grita muito) 0 x 0 Marília (transformou em debate)
Fortuna do pastor: Silas (amenizou, não explicou) 0 x 0 Marília (tentou defender a Forbes)
Teologia da prosperidade: Silas 0 x 1 Marília (tentou mostrar a contradição)
Homossexualidade: Silas 1 x 0 Marília (interrompia os sérios argumentos do pastor e retrucava as suas respostas)
Família: Silas (defende a família natural) 1 x 0 Marília (defende os “novos arranjos familiares”)
Perspectivas do “negócio”: Silas (assume, veladamente, o empreendedorismo) 0 x 1 Marília (toca na questão da formação dos pastores e dos seus rendimentos)
Igreja Católica: Silas (perdeu a chance de ficar calado) 0 x 1 Marília (boas perguntas)
Bate-bola: Silas (foi claro nas posições e argumentos) 1 x 0 Marília (ainda tentava julgar e rebater o entrevistado)

Resultado: 3 x 3.

Nos assuntos da defesa da família, contra o lobby gay, Silas Malafaia presta um grande serviço. Perdeu oportunidade de falar menos em outras questões e por defender o indefensável (teologia da prosperidade).
A entrevistadora, porém, esqueceu o seu papel e quis ser superior ao entrevistado, também perdendo a oportunidade de fazer uma melhor entrevista.

Repercussões:
http://portugues.christianpost.com/news/apos-de-frente-com-gabi-silas-malafaia-responde-ao-pseudodoutor-sobre-genes-homossexuais-14381/




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4 comentários:

Unknown disse...

Gostaria de contrapor a duas frases de seu texto:
""que conceito de família é esse que desde Jesus Cristo não foi revisto?" Uai, tinha que ser revisto?"

acho que tudo na bíblia pode ser revisto... na verdade muita coisa já foi revista... se o conceito de família vai mudar só o tempo dirá.

outra coisa que me chamou a atenção foi você falar que um “casal” homossexual querer adotar uma criança de uma mãe que não tem condições de criar seu bebê é um caso hipotético absurdo... o fato de que a maioria das adoções são realizadas por heterossexuais, não tornam o caso absurdo...

existiam outras coisas que eu achei muito estranhas neste post. mas queria dar destaque a estas duas frases.

Márcio Carvalho disse...

Há coisas que mudam e outras não. Um conceito fundamental não muda. Família pode ter diversas abrangências, mas o fundamento é a comunhão de pessoas através do um vínculo matrimonial. E matrimônio é o vínculo entre dois capaz de gerar filhos, ou seja, somente entre homem e mulher. Esse é o conceito fundamental de família que não muda, queiram ou não.
O caso hipotético colocado é absurdo porque restrito a duas opções como se fossem únicas (entregar o filho a uma instituição ou a homossexuais). Há outras opções, então a hipótese restritiva é inválida e falaciosa. É o mesmo caso de dizer: "Alguém lhe entrega um copo de ácido sulfúrico e outro de veneno; qual você toma?"

Kleber Costa disse...

Sou hetero e a família que eu escolhi para minha vida é entre um homem e uma mulher, porém tenho amigos e amigas homosexuais que não optaram por esse mesmo caminho. Nunca nenhum deles tentou me convencer que eu estava errado na minha escolha, porque deveria eu tentar mudar a opinião deles? Não me acho superior que ninguém pelas minhas escolhas.
Acho importante respeitarmos e deixarmos as pessoas viverem em paz com a sua opção.

Márcio Carvalho disse...

O problema é que tem gente que não quer viver em paz: o pessoal do lobby gay, que muitas vezes não tá nem aí para os homossexuais, mas se aproveitam da temática para seus interesses. Por exemplo, a PLC 122, se fosse aceita, colocaria os homossexuais em situação de superioridade, de privilégios, além de destruir o conceito de família, de casamento, além de abrir centenas de brechas na lei civil e criminal. É isso que eles querem e tem bobo que acredita que "lutam pelos homossexuais". Respeitar é uma coisa, impor opiniões em detrimento de conceitos fundamentais é outra.

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