Com grande repercussão nas redes sociais, o programa “De
frente com Gabi”, de Marília Gabriela, entrevistou o polêmico Silas Malafaia,
conhecido por ser contra a PLC 122 (“lei da homofobia”) e recentemente por ter
sido revelada a sua fortuna pessoal.
A entrevistadora chega a dar chilique ao discordar do entrevistado |
Os comentários, porém, quase na totalidade, foram
unilaterais, aprovação ou reprovação total de um ou outro (Silas ou Marília).
Tentarei fazer um balanço mais detalhado e colher o melhor e o pior da
entrevista.
A “conversa” começa com o assunto da fortuna, publicada pela
revista Forbes como sendo o terceiro
pastor mais rico do Brasil. Ele se aproveita do espaço para tentar explicar de
onde vem, segundo ele, seus 4 milhões de reais (não 300 milhões da Forbes).
Explica, mas não convence, porque mesmo 4 milhões é muito por ter origem,
segundo ele, em “palestras”, venda de livros e DVD’s. Diz ainda que renunciou
ao salário de pastor.
O problema começa a piorar depois que a entrevistadora se
converte em debatedora e recusa a explicação, que questionava a veracidade dos
números e a intenção da revista. Aí a debatedora cita, como era de se esperar,
a teologia da prosperidade.
Malafaia tenta diferenciar a prosperidade que seria bíblica
do “besteirol da teologia da prosperidade”. “Prosperidade não é só finanças”,
tem a ver com bem-estar, segundo ele. Ora, mesmo assim essa teologia da
prosperidade branda é falha, simplesmente porque Jesus ensina que o seu Reino
não é desse mundo e que teríamos – sempre – muitas aflições. Nesse ponto, a
agora debatedora tentou fazer um bom questionamento, mas a falta de
conhecimento de ambos não deixa o assunto ficar claro, muito menos
esclarecedor, tomando nada menos que 17 minutos.
O segundo bloco começa com o tema do homossexualismo, que a
(já assumida) debatedora interrompe de segundo em segundo (inclusive “corrigindo”
o termo para homossexualidade) tentando contrapor a explicação do entrevistado,
que nesse ponto, por causa da sua oposição ao PLC 122 e sua formação de
psicólogo, demonstra muito mais conhecimento que a jornalista papagaia pró “casamento”
gay. Onde já se viu entrevistador julgar a resposta do entrevistado? “Você está
exagerando, Silas!”, interrompe ela, mais de uma vez.
O debate debanda para o conceito de família. Vem “pérolas”
dos dois lados. O pastor cita, acertadamente, que adultério e prostituição são
pecados, logo depois diz que o divórcio seria “permitido pela Bíblia”! Marília,
em seguida, questiona que conceito de família o pastor defende, já com um preconceito
hilário, antes mesmo da resposta: “que conceito de família é esse que desde
Jesus Cristo não foi revisto?” Uai, tinha que ser revisto?
Depois, Silas, psicólogo, dá mais uma aula sobre a
possibilidade de reorientação de homossexuais. Neste ponto não houve
intervenção, mas logo Marília vem com um caso hipotético absurdo: se uma mãe
não tem condições de criar seu bebê e um “casal” homossexual quer adotá-lo. O
pastor rapidamente aponta o absurdo da hipótese, pois não existem só
homossexuais tentando adotar, ao que rapidamente ela tenta interromper com o
conceito das “novas famílias”. O próprio Silas cita quando um jornalista
perguntou como seria se ele tivesse um filho homossexual (“amaria cem por cento
e reprovaria cem por cento”), ao que ela tem um ataque de condenação (“Seria um
inferno na vida dele!”, gritando e meneando a cabeça), fazendo o que ela diz
rejeitar: julgamento.
Terceiro bloco: política e religião, menos de um minuto,
nada de mais. Depois, o pastor explica como são formados seus pastores de nível
médio, seus salários (de 4 a 20 mil) e as perspectivas do “negócio”.
Marília pergunta sobre o Papa. “Respeito, mas não
reconhecemos como sucessor de Cristo... Ele não deixou ninguém pra comandar...”.
Ah, tá... “apascenta os meus cordeiros... confirma os teus
irmãos” dito a Pedro era piadinha de Jesus.
E Malafaia alfineta: “Só esqueceram de avisar eles [os
católicos] que Pedro era casado”.
E o Quico, pastô? Onde estava a esposa de Pedro, seus
filhos? Onde estava a esposa de Paulo, que recomendou o celibato, ou do próprio
Jesus, que elogiou o celibato por causa do Reino dos Céus?
Último bloco, o bate-bola:
Divórcio: “sou contra” (contradiz o que disse antes)
Casamento: “a favor”
Morar junto: “contra, a não ser que sejam casados”. Aqui a
debatedora quase replica, mas logo desiste (talvez pelo tempo).
Judaísmo: “antecessor do cristianismo”
Islamismo: “um radicalismo muito horroroso para o que a
gente chama de religião”. Ela faz graça, insinuando que ele seria um radical.
Toma tréplica à altura, mas logo corta com a próxima:
Parada gay: publicidade mentirosa (sobre os números falsos
de participantes)
Silas por Silas: muito chato, fala alto, idealista, não abre
mão da família.
Na despedida o pastor deseja uma bênção a ela e a todos, e
ela solta: “Que o meu [Deus], que não sei se é o mesmo seu, te perdoe”. Ou
seja, se coloca de novo como juíza dos pecados, coisa que tanto odeia.
Avaliação geral:
Condução da entrevista: Silas (grita muito) 0 x 0 Marília
(transformou em debate)
Fortuna do pastor: Silas (amenizou, não explicou) 0 x 0
Marília (tentou defender a Forbes)
Teologia da prosperidade: Silas 0 x 1 Marília (tentou
mostrar a contradição)
Homossexualidade: Silas 1 x 0 Marília (interrompia os sérios
argumentos do pastor e retrucava as suas respostas)
Família: Silas (defende a família natural) 1 x 0 Marília
(defende os “novos arranjos familiares”)
Perspectivas do “negócio”: Silas (assume, veladamente, o
empreendedorismo) 0 x 1 Marília (toca na questão da formação dos pastores e dos
seus rendimentos)
Igreja Católica: Silas (perdeu a chance de ficar calado) 0 x
1 Marília (boas perguntas)
Bate-bola: Silas (foi claro nas posições e argumentos) 1 x 0
Marília (ainda tentava julgar e rebater o entrevistado)
Resultado: 3 x 3.
Nos assuntos da defesa da família, contra o lobby gay, Silas
Malafaia presta um grande serviço. Perdeu oportunidade de falar menos em outras
questões e por defender o indefensável (teologia da prosperidade).
A entrevistadora, porém, esqueceu o seu papel e quis ser
superior ao entrevistado, também perdendo a oportunidade de fazer uma melhor
entrevista.
Repercussões:
http://portugues.christianpost.com/news/apos-de-frente-com-gabi-silas-malafaia-responde-ao-pseudodoutor-sobre-genes-homossexuais-14381/
http://portugues.christianpost.com/news/apos-de-frente-com-gabi-silas-malafaia-responde-ao-pseudodoutor-sobre-genes-homossexuais-14381/
4 comentários:
Gostaria de contrapor a duas frases de seu texto:
""que conceito de família é esse que desde Jesus Cristo não foi revisto?" Uai, tinha que ser revisto?"
acho que tudo na bíblia pode ser revisto... na verdade muita coisa já foi revista... se o conceito de família vai mudar só o tempo dirá.
outra coisa que me chamou a atenção foi você falar que um “casal” homossexual querer adotar uma criança de uma mãe que não tem condições de criar seu bebê é um caso hipotético absurdo... o fato de que a maioria das adoções são realizadas por heterossexuais, não tornam o caso absurdo...
existiam outras coisas que eu achei muito estranhas neste post. mas queria dar destaque a estas duas frases.
Há coisas que mudam e outras não. Um conceito fundamental não muda. Família pode ter diversas abrangências, mas o fundamento é a comunhão de pessoas através do um vínculo matrimonial. E matrimônio é o vínculo entre dois capaz de gerar filhos, ou seja, somente entre homem e mulher. Esse é o conceito fundamental de família que não muda, queiram ou não.
O caso hipotético colocado é absurdo porque restrito a duas opções como se fossem únicas (entregar o filho a uma instituição ou a homossexuais). Há outras opções, então a hipótese restritiva é inválida e falaciosa. É o mesmo caso de dizer: "Alguém lhe entrega um copo de ácido sulfúrico e outro de veneno; qual você toma?"
Sou hetero e a família que eu escolhi para minha vida é entre um homem e uma mulher, porém tenho amigos e amigas homosexuais que não optaram por esse mesmo caminho. Nunca nenhum deles tentou me convencer que eu estava errado na minha escolha, porque deveria eu tentar mudar a opinião deles? Não me acho superior que ninguém pelas minhas escolhas.
Acho importante respeitarmos e deixarmos as pessoas viverem em paz com a sua opção.
O problema é que tem gente que não quer viver em paz: o pessoal do lobby gay, que muitas vezes não tá nem aí para os homossexuais, mas se aproveitam da temática para seus interesses. Por exemplo, a PLC 122, se fosse aceita, colocaria os homossexuais em situação de superioridade, de privilégios, além de destruir o conceito de família, de casamento, além de abrir centenas de brechas na lei civil e criminal. É isso que eles querem e tem bobo que acredita que "lutam pelos homossexuais". Respeitar é uma coisa, impor opiniões em detrimento de conceitos fundamentais é outra.
Postar um comentário