A História da Sagrada Liturgia tem nos mostrado
que, na imensa maioria das vezes, são os
Sumo Pontífices que iniciam os processos de adaptação e reforma ritual da Igreja. Foi assim com a compilação que mandou
fazer o papa Gregório Magno dos textos
até então usados, foi assim com os textos litúrgicos que foram levados e difundidos ao Norte dos Alpes pelos francos,
também o foi assim quando o Concílio de Trento
quis que os ritos de menos de duzentos anos de uso comprovado fossem postos de
lados ou quando o Rito Romano consolidou-se, cristalizou-se, com o Missale Romanum promulgado por São Pio V.
Também vieram dos pontífices, por exemplo, a
ideia que o Cardeal Quignonez colocou em ordem: resumir o Breviário Romano e
adaptá-lo para um uso mais ligeiro dos
sacerdotes. Uma ideia que, felizmente, foi abandonada assim que se percebeu o tamanho do problema que se havia criado,
simplificando o rito litúrgico para se adaptar a realidade da Idade Moderna.
No século XIX há um movimento que, de certa
forma, atinge a Igreja, mas que não vem
dela, chamado Positivismo. De maneira geral, é por causa dele que, atualmente, temos as Ciências em formas tão
variadas, mas também de forma bastante estanques, quase como que
compartimentadas e, infelizmente, algumas vezes sem que uma interaja com a outra. É do século XIX, nas
Ciências Humanas principalmente, que nasce
o desejo pela redescoberta e catalogação de fontes históricas, especialmente documentos régios e burocráticos, que não
apenas acrescentassem pontos novos à História
e ao pesquisador, mas que também acabassem por legitimar o ambiente social da época. Vastas bibliotecas de manuscritos
foram catalogadas e expostas à luz do dia depois de centenas (alguns, milhares) de anos.
Foram lidos e datilografados, depois publicados
em vastas bibliotecas de fontes ainda hoje existentes e de extrema importância para qualquer pesquisador sério. A
Ciência Histórica conseguiu, talvez mais
que em qualquer momento antes ou depois em sua trajetória, atingir uma
crescente onda de novas produções e de
novas interpretações graças a esses documentos.
Também a Igreja não passaria imune por essa
fase histórica, ainda que sofrendo indiretamente
seus efeitos. A começar que o século XIX, ainda que tenha sido um século de grandes papas, um Concílio
Ecumênico, uma definição dogmática e várias aparições famosas e importantes de Nossa Santa
Mãe, também foi o século que começou
mergulhado nas sombras do Iluminismo de Napoleão, de um crescente Racionalismo antirreligioso, de uma arte que
passa a valorizar a sensualidade, de anticlericalismo
destacado e apoiado por vastos estados e, por fim, com a unificação da Itália e o papa que se faz prisioneiro do
Vaticano. A Igreja ainda não saíra de todo de uma crise no século XVIII. O
galicanismo permeava grande parte das
igrejas francesas, com padres e bispos apoiando doutrinas contrárias ao que pedia Roma, inclusive o
conciliarismo e teses ligadas a independência da Igreja católica francesa de
Roma. Para piorar, a época foi de certa confusão doutrinal e moral, pois muitos padres “galicanos”
afastavam os fiéis da Santíssima Eucaristia, julgando que a maioria deles era,
simplesmente, de segunda classe e que, com toda certeza, o ato de receber Nosso Senhor
Eucarístico seria um sacrilégio. Um dos padres da época chegou a proclamar: “Orgulho-me em
dizer que este domingo não houve nenhuma
Comunhão sacrílega em minha igreja, porque nenhum dos fiéis comungou”.
Eram momento difíceis para a Igreja que
precisava lidar com a Revolução burguesa, os ideias liberais e com crises internas. Porém,
mesmo nos momentos mais escuros, nasce a
luz. Foi na França que o remédio para o próprio Galicanismo nasceu. E veio de
um mosteiro e de um monge. Era dom
Gueranger, no século XIX, que é conhecido, antes de qualquer coisa, como o incentivador e
renovador do canto gregoriano em sua abadia, São Pedro de Solesmes. Porém, para além do
incentivo ao santo gregoriano, o abade trabalho
em grande programa de explicação, difusão e incentivo do calendário romano (e que tornou-se seu famoso “O ano
litúrgico”), com uma forma de se voltar França à Roma. Como? Levando o povo de volta à própria
Liturgia romana e dando a esta seu devido
lugar na vida dos fiéis.
Os historiadores da Liturgia têm o costume de
colocar Dom Prosper Gueranger como o
iniciador do “Movimento Litúrgico”. Esse Movimento, não muito depois de Dom Prosper, também se aproximou das fontes
principais da própria liturgia que, devagar,
iam sendo publicadas. Era de entendimento geral que a Liturgia não deveria, simplesmente, ser um mundo arcano e afastado
das realidades dos fiéis. Os fiéis deveriam ser conduzidos à Liturgia e levados
a um profundo conhecimento e amor por ela.
A religião não deveria ser apenas uma sequência de preceitos, mas de um amor grande pelo Senhor e centralizar a vida dos
fiéis na Santíssima Eucaristia, Nosso Senhor Jesus Cristo presente no pão e no vinho em Seu
Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Durante todo a segunda metade século XIX e a
primeira do século XX houve um movimento
gradativo, mas bastante forte, para tornar a Liturgia central na vida dos
fiéis. Apareceram os primeiros missais
para aproximar os leigos do ritual, livros sobre a vivência dos diversos tempos do ano litúrgico,
além de dezenas de eventos dentro do âmbito
acadêmico voltado ao estudo da Liturgia. Parecia ser uma primavera litúrgica na
Igreja, trazendo o Cristo para o centro
dos olhares e atenções dos fiéis. Porém, nem tudo foram luzes no “Movimento
Litúrgico”. Foi depois da II Guerra
Mundial que algo mudou dentro dele. Os clamores por “simplificações” e “adaptações ao espírito do homem moderno”
começaram a ser ouvidos mais altos.
Surgiram teorias sérias que diziam que a
liturgia estava degradada e, consequentemente, precisava ser refeita. E o “Movimento
Litúrgico”, ainda que ganhando cada vez mais força, perdeu seu rumo original. Se a questão
original era melhor formar o homem à Liturgia,
a partir desta segunda fase dele há uma mudança de rumo e clama-se para que a Liturgia se adapte ao homem.
O Concílio Vaticano II, talvez o mais
importante evento da Igreja do século XX, dá centralidade à Santa Missa, à Liturgia,
respondendo aos apelos dos peritos do “Movimento
Litúrgico”, inclusive muitos deles estando presentes no próprio evento. E é dele que sai a Liturgia Reformada pelo papa
Paulo VI que chamaremos aqui de “Novus Ordo”.
O período que segue o Concílio, ainda
que se esperasse um período de nova primavera
para a Igreja, liturgicamente foi de quase total e completo caos, sendo também
um período complicado, não apenas fora, mas dentro da Igreja. A mídia cria um Concílio que não é o mesmo Concílio da
Igreja. O Concílio da mídia é aquele que interpretou os documentos eclesiais como bem
lhe aprouve, querendo adaptar a Igreja ao
homem moderno e não a linguagem da doutrina de sempre para a sociedade atual.
Explodiu a experimentação dentro da Liturgia,
porque o homem moderno é dado a novidades.
O que era anterior ao Concílio, muitas vezes, foi considerado menor, errado ou estragado, doutrina que, infelizmente,
ainda hoje é ouvida por muitas pessoas e pregada por tantas outras. Muitos homens da
Igreja apaixonaram-se pela novidade. O Missal
promulgado pelo papa Paulo VI tantas vezes foi esquecido, tornando-se apenas o lugar para as orações próprias do dia, todo o
resto da Santa Missa, muitas vezes, foi diminuído
ou esquecido. Pululou o invencionismo. Pululou o relativismo. A Igreja sempre
manteve a vigilância sobre a Santa Liturgia, mas poucas vezes foi ouvida. Porém, algo novo aconteceu após o Concílio.
Também os leigos entraram na luta pela Santa Liturgia. Frente ao complicado
espetáculo que, algumas vezes, se delineava em certas igrejas, foram também os leigos que
pediram fidelidade às normas litúrgicas.
Surgiram, assim, movimentos devotados à correta celebração da Santa
Liturgia vindo de sacerdotes e de
leigos. Com o beato papa João Paulo II vimos grandes documentos sobre a
Eucaristia e instruções de como bem
celebrar a missa, mas, talvez, o ápice deste movimento foi o pontificado do
papa Bento XVI, já no começo do século XXI. O papa Bento XVI não foi um legislador sobre a Liturgia, nem um
legislador sobre nenhuma outra matéria dentro
da Igreja. Legislou sobre a Liturgia, sim, porém uma única vez. Basta nos voltarmos ao Motu Proprio “Summorum
Pontificum” que delineia as normas para o uso do Missale Romanum do beato papa João XXIII e
que chamaremos de “Usus Antiquior”. Mas,
com toda certeza, a imagem do santo padre estará, sempre, associada à Santa Liturgia. Não apenas por ter sido sempre
um grande apaixonado pela Santa Liturgia,
devotando muitas páginas sobre o assunto, como o seu já clássico livro “Introdução ao Espírito da Liturgia”, mas
também porque ele deu-nos o exemplo, com celebrações solenes e dignas. Também foi ele a
dizer que não devemos interpretar o Concílio
de forma errônea e, igualmente, apontar-nos que precisamos de um novo movimento litúrgico. Porém, este novo
Movimento Litúrgico não deve sair de seu âmbito, assomando a si as ferramentas para
julgar e mudar a Liturgia. Isso é experimentalismo
e nem mesmo a Igreja tem feito isso com a Liturgia. O novo Movimento Litúrgico, antes de mais nada, deve
ser a ferramenta de transformação do homem
para bem viver a Santa Liturgia, muitas vezes tirando o próprio homem do centro
da celebração e colocando nela Jesus, o Verbo de Deus. Além disso, deve ser base
desse novo Movimento Litúrgico a fidelidade às normas e às especificações do Magistério, cuidando para que os desvios
litúrgicos não sejam mais realizados.
O amor pela Santa Liturgia do santo padre Bento
XVI contagiou muitas pessoas. Aqui é importante pensarmos que precisamos salvar
a liturgia para salvar o mundo. A Liturgia
não é uma sequência de normas dispostas a esmo, como também não é um mundo sem norma alguma. A Liturgia é o espaço
privilegiado de encontro com o Senhor
que vem, do Emanuel Deus Conosco, que se faz presente no meio dos seus. É na Liturgia que o Esposo vem visitar a Esposa em
um encontro íntimo, tão íntimo que nas antigas
igrejas se poderia separar a nave do presbitério no momento da Consagração por uma
cortina, fazendo com que os fiéis não vissem o Esposo apresentando-se a esposa.
Salvar a Liturgia dos excessos, dos
experimentalismos, dos gostos pessoais, é colocá-la em seu lugar de direito: como centro da vida
dos fiéis, é respeitar suas normas e promover a restituição de sentido do
sagrado do mundo. Porém, já nos deveria ser claro que o papa Bento XVI não
seria papa para sempre e que aquele que
o sucedesse no Trono de Pedro poderia ter outras obrigações e planos que não a continuação das propostas
litúrgicas de Bento XVI. Isso não leva os papas a serem melhores sou piores,
mas nos leva a agradecer aos Céus por termos pessoas diferentes em tempos
diferentes e que governam a Igreja segundo as suas necessidades. Assim, chegou
a hora de o Movimento Litúrgico que vimos delineando-se no pontificado do papa
Bento XVI deixar a internet que, até agora, tem sido também seu campo privilegiado. Sim, há muita gente que
trabalha arduamente para que haja o desenvolvimento
e aplicação das normas na Liturgia e de sua correta celebração, porém, um
grande celeiro de conhecedores da Liturgia está no meio virtual. Chegou a hora
de deixarmos os teclados de lado e arregaçarmos as mangas, usando, sim, do meio
virtual para evangelizar e discutir, mas também precisamos de mãos para
trabalhar. Cada uma de nossas igrejas, por menores que sejam, contam agora com
nossas mãos. O pouco que temos, bem aplicado, tornar-se-á muito.
Neste espírito, abaixo, sugerimos algumas das
possíveis linhas de ação a serem seguidas pelo Novo Movimento Litúrgico. São de
fáceis aplicações e, igualmente, pensadas
para serem bastante práticas.
1. Os beneditinos, assim também a Milícia de
Santa Maria, não desenvolvem votos de pobreza ou de obediência ao santo padre,
mas são obrigados ao voto de “Conversão dos costumes” (conversatio morum) ao
entrarem nos mosteiros (ou assumirem a Associação como parte de suas vidas).
Trabalhar em prol da Liturgia é muito mais do que criticar a posição das mãos
deste sacerdote ou dizer que tais objetos são mais dignos que outros para a
Santa Missa. A conversão dos costumes é a base de todo apostolado. Ninguém que
queira seguir adiante com o menor apostolado católico deve se esquecer que a ação, sem a oração, é e
será sempre infrutífera, ou pelo menos efêmera.
Se quisermos lutar pela Santa Liturgia, devemos procurar todos os meios possíveis
para nossa santificação: buscarmos um bom diretor de consciências, rezar o santo
rosário, participar dignamente dos Santos Mistérios, ter uma vida de oração e buscar
sempre o Sacramento da Reconciliação. Porém, devemos nos entregar ao Senhor totalmente,
esperando que Ele faça de nós seus instrumentos. Sem a conversão de nossos costumes, o sincero desejo de sermos
verdadeiramente santos como o Pai é santo, podemos cair não apenas nas ações
vazias, mas em fazer ações que seriam boas tornarem-se más pela nossa soberba.
Sem dobrar os joelhos em fervorosa oração, o
Novo Movimento Litúrgico tenderá a falhar desde seu início e a conduzir
aqueles que dele tomarem parte a um fim bastante ruim.
2. Não se ama o que não se conhece e,
infelizmente, atualmente as pessoas tendem a serem mais espertas que outras.
Infelizmente, certos grupos tomam o lugar onde o discurso é feito e discursam
qualquer coisa que não o correto, passando-o pelo correto. Devemos retomar o
lugar do discurso sobre a Liturgia, ensinando e repetindo o que ensina a
Igreja. Assim, a próxima ação é promover o estudo da liturgia, em sua forma
mais geral. Não apenas as normas, mas seu sentido, sua teologia e sua espiritualidade.
Os mitos devem ser desfeitos e a clareza da Igreja deve brilhar. O material
ruim deve dar lugar ao bom material de estudo litúrgico. Opiniões pessoais devem
estar em seus devidos lugares e não parecer que estas são as ações em si. A promoção
pode ser feita de várias maneiras, a começar pela própria internet, mas também
em reuniões em grupos de amigos e paroquianos.
3. Igualmente, caberá a todos nós promover e
incentivar o canto sacro. Por definição, o canto sacro católico é o gregoriano,
porém a Igreja nunca desprezou outros estilos musicais. Devemos retornar as
nossas fontes identitárias em relação à música. O canto gregoriano é simples,
ainda que melodioso; austero, ainda que espiritual; leve, ainda que profundo. É
tempo de retomarmos nossas fontes e de nos despirmos dos preconceitos contra as
formas cantuais tradicionais da Igreja. A volta do gregoriano, e da polifonia
sacra, será uma forma de se recoroar o órgão como rei dos instrumentos musicais
e das nossas celebrações litúrgicas. Igualmente, a busca por uma melhora
constante no canto sacro, levará a criação de novas peças melhores que as atuais
(e livres de, por um lado, canto de militância e, por outro, do canto
sentimental extremado que gera individualismo).
4. Também, nos caberá promover o Novus Ordo bem
celebrado, sem invenções, dentro do espirito característico do Rito Romano que
é conhecido pela sua sobriedade. Devemos nos esforçar para que a forma comum de
nossas celebrações seja primada não apenas pela sobriedade, mas por grande
reverência dos fiéis. Todos aqueles que tomam parte em sua celebração devem
primar pelo zelo litúrgico e amor a Nosso Senhor Sacramentado como, igualmente,
os sacerdotes devem primar pela sua ars celebrandi. Que os paramentos e objetos
sejam dignos, ajudando a elevar os corações dos fieis ao alto, porém, que eles não sejam a
parede ou a muleta onde escora-se a celebração. A Santa Missa bem celebrada
pode, ou não, ter bons paramentos, mas terá devoção, boa homilia, zelo
litúrgico, acolhida... Ainda que paramentos belos realcem o valor sagrado da
Eucaristia, não poucas vezes eles podem transformar-se em uma muleta que leva
os olhos ao espetáculo, mas mantem os corações vazios.
5. Igualmente, devemos promover, dando a
conhecer e ajudando a desmistificar, o Usus Antiquior. Não devemos opor o
anterior ao posterior do Concílio. Da mesma forma, devemos dar a conhecer o Uso
Antigo do Rito Romano que foi instrumento de santificação de milhões de fiéis
antes do nosso Novus Ordo. Nosso apostolado pode ocorrer de dezenas de formas,
na internet com a divulgação de fotos, vídeos e textos. Igualmente, devemos dar
a conhecer esta forma litúrgica aos sacerdotes e grupos de fiéisfora da
internet. Não de forma abrupta e desrespeitosa, mas com amor e caridade. Os
mitos que se desenvolveram em torno do Uso Antigo devem ser desfeitos com calma
e caridade. Os grupos de fiéis que, por graça e benção de Deus, já celebramno
devem empenhar-se na solenização do mesmo, que as Santas Missas na Forma Extraordinária
do Rito Romano resplandeçam pela beleza, sobriedade e profundidade espiritual,
tudo favorecendo para elevar o nosso coração ao Senhor.
6. Sabemos que enfrentaremos oposição, como
também sabemos que, infelizmente, a situação da Forma Ordinária do Rito Romano
em muitas igrejas pelo Brasil e o mundo não é boa, pois abundam a
“criatividade” e certo subjetivismo. Então, aqueles que têm os documentos devem
chegar e revolucionar o lugar? Ainda que pareça certo, isso é pastoralmente
incorreto. A ideia aqui é transbordar o mal com excesso de bem, ou seja, muitos
erros que parecem entranhados na comunidade, apenas são considerados certos
porque foram ensinados como tal. As pessoas não cometeram erros por hipocrisia,
mas pensam que fazem o certo porque foram ensinadas assim. Cabe-nos, com amor,
paciência e formação, transbordar esse mal e esse erro em bem e que, antes de
tudo, possamos fazer, em proporção, o bem muito mais que a quantidade de mal.
Por fim, ficamos com a doutrina da Igreja que diz que dar bom conselho e
corrigir o errado, dentro da caridade, são partes dos atos corporais de
misericórdia.
7. Por fim, cabe lembrar que a base de todo
movimento é a organização. Assim, deve-se organizar-se grupos coesos e com
práticas de piedade. Os grupos ajudam a desenvolver a ideia de coesão, pode-se
haver líderes e, por exemplo, vários grupos podem juntar-se em organizações
maiores e, quiçá, organizarem até eventos de estudo e demonstração. A coesão e
a relativa organização são necessárias para que o próprio Novo Movimento possa
ser ouvido. Deve-se evitar que os grupos desenvolvam rivalidades, mas que haja
um interessante e profícuo convívio fraterno entre eles. Por fim, que os
membros de cada grupo lembrem-se que, antes de estudiosos ou acadêmicos, são
católicos e como católicos devem se preocupar com suas almas, assim, grupos que
não rezam e não entregam seus trabalhos para a maior glória de Deus devem reformar-se.
Se cada membro do grupo rezar e o grupo, como unidade, rezar, com toda certeza
o trabalho será santificado e irá encontrar um bom caminho.
8. Porém, como leigos, devemos lembrar sempre
que, por mais sábios, acadêmicos ou estudiosos que somos, fazemos parte da
Igreja discente. Não ensinamos, mas nos resumimos a repetir o que diz a Igreja.
São apenas os bispos, pela sua dignidade, que podem ensinar. Assim, devemos
buscar apoio eclesiástico, não apenas entre os bispos, mas também entre os
sacerdotes, diáconos e religiosos e religiosas. Quanto mais apoios
eclesiásticos o Novo Movimento Litúrgico conseguir, mais facilmente ele
conseguirá penetrar na Igreja, retirando o que for danoso e, com caridade, consertá-lo,
difundindo a todos a Santa Liturgia bem celebrada.
9. Ao contrário de certos expoentes do primeiro
Movimento Litúrgico, não devemos nos entender apenas como sábios, mas como
católicos que precisam da Igreja para a Salvação. Assim, é nosso dever, sempre
e em todo momento, ser fiel ao Magistério da Igreja. Devemos conhecer e pregar
a Sã Doutrina e, igualmente, acatar com amor os possíveis documentos que venham
a juntar-se ao campo litúrgico. Não devemos, nunca, sermos rebeldes à Igreja,
mas deixarmos nossa soberba e orgulhos de lado e sermos fiéis servos e filhos
da Igreja.
10. Por fim, entendendo que o grande
idealizador e incentivador do Novo Movimento Litúrgico foi o papa Bento XVI, o
último passo, será sempre recordar e estudar o legado do papa Bento XVI. Dessa
forma, teremos sempre em nossos corações o que este grande papa fez pela Santa
Igreja em seus muitos anos de serviço e ministério, também ajudando a
difundirmos a boa teologia realizada por ele.São medidas simples e que não são
pensadas como um plano de ação fechado em si mesmo ou sem falhas. Linhas de
ação delineiam planos e, se bem realizados, esses planos nos levam a metas
cumpridas. Não pensem que escrevi sem pensar ou querendo colocar o jugo sobre
os ombros alheios, reconheço que devo ser o primeiro a colocar essas atitudes
em ação e, igualmente, começar com a minha conversatio morumpessoal. Mas, são
pequenos passos dentro do tempo de Deus, que farão o novo Movimento Litúrgico
caminhar segundo a vontade dEle.
Assim, nesta Páscoa do ano do Senhor de 2013,
entrego esses planos nas Doces Mãos marcadas com as chagas de Nosso Senhor
pelas Mãos de nossa Santíssima Mãe e Suserana, a Bem-aventura Sempre Virgem
Maria. Que Ela, como mulher Eucarística, possa acompanhar a Igreja do Senhor e
interceder por todos aqueles que buscam a sacralização da Santa Liturgia,
porque é nela que o Filho se nos torna presente, deixando o homem de lado e
ensinando que, na Santa Liturgia, devemos ser não como Lúcifer que quis ser
como Deus, mas como Santa Maria e são João Batista que disse (Ioh 3,30):
"Illum oportet crescere, me autem minui", a mim importa diminuir para
o Cristo aparecer.
São Paulo, 31 de março de 2013
Solenidade da Páscoa do Senhor
Michel Pagiossi Silva
Freire d´Armas da
Militia Sanctae Mariae
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