sexta-feira, 19 de abril de 2013

Manifesto Pelo Novo Movimento Litúrgico

A História da Sagrada Liturgia tem nos mostrado que, na imensa maioria das  vezes, são os Sumo Pontífices que iniciam os processos de adaptação e reforma ritual da  Igreja. Foi assim com a compilação que mandou fazer o papa Gregório Magno dos  textos até então usados, foi assim com os textos litúrgicos que foram levados e  difundidos ao Norte dos Alpes pelos francos, também o foi assim quando o Concílio de  Trento quis que os ritos de menos de duzentos anos de uso comprovado fossem postos de lados ou quando o Rito Romano consolidou-se, cristalizou-se, com o Missale  Romanum promulgado por São Pio V.
Também vieram dos pontífices, por exemplo, a ideia que o Cardeal Quignonez colocou em ordem: resumir o Breviário Romano e adaptá-lo para um uso mais ligeiro  dos sacerdotes. Uma ideia que, felizmente, foi abandonada assim que se percebeu o  tamanho do problema que se havia criado, simplificando o rito litúrgico para se adaptar  a realidade da Idade Moderna.

No século XIX há um movimento que, de certa forma, atinge a Igreja, mas que  não vem dela, chamado Positivismo. De maneira geral, é por causa dele que,  atualmente, temos as Ciências em formas tão variadas, mas também de forma bastante estanques, quase como que compartimentadas e, infelizmente, algumas vezes sem que  uma interaja com a outra. É do século XIX, nas Ciências Humanas principalmente, que  nasce o desejo pela redescoberta e catalogação de fontes históricas, especialmente  documentos régios e burocráticos, que não apenas acrescentassem pontos novos à  História e ao pesquisador, mas que também acabassem por legitimar o ambiente social  da época. Vastas bibliotecas de manuscritos foram catalogadas e expostas à luz do dia  depois de centenas (alguns, milhares) de anos. Foram lidos e datilografados, depois  publicados em vastas bibliotecas de fontes ainda hoje existentes e de extrema  importância para qualquer pesquisador sério. A Ciência Histórica conseguiu, talvez  mais que em qualquer momento antes ou depois em sua trajetória, atingir uma crescente  onda de novas produções e de novas interpretações graças a esses documentos.

Também a Igreja não passaria imune por essa fase histórica, ainda que sofrendo  indiretamente seus efeitos. A começar que o século XIX, ainda que tenha sido um  século de grandes papas, um Concílio Ecumênico, uma definição dogmática e várias  aparições famosas e importantes de Nossa Santa Mãe, também foi o século que  começou mergulhado nas sombras do Iluminismo de Napoleão, de um crescente  Racionalismo antirreligioso, de uma arte que passa a valorizar a sensualidade, de  anticlericalismo destacado e apoiado por vastos estados e, por fim, com a unificação da  Itália e o papa que se faz prisioneiro do Vaticano. A Igreja ainda não saíra de todo de uma crise no século XVIII. O galicanismo  permeava grande parte das igrejas francesas, com padres e bispos apoiando doutrinas  contrárias ao que pedia Roma, inclusive o conciliarismo e teses ligadas a independência da Igreja católica francesa de Roma. Para piorar, a época foi de certa confusão doutrinal  e moral, pois muitos padres “galicanos” afastavam os fiéis da Santíssima Eucaristia,  julgando que a maioria deles era, simplesmente, de segunda classe e que, com toda  certeza, o ato de receber Nosso Senhor Eucarístico seria um sacrilégio. Um dos padres  da época chegou a proclamar: “Orgulho-me em dizer que este domingo não houve  nenhuma Comunhão sacrílega em minha igreja, porque nenhum dos fiéis comungou”.

Eram momento difíceis para a Igreja que precisava lidar com a Revolução burguesa, os  ideias liberais e com crises internas. Porém, mesmo nos momentos mais escuros, nasce  a luz. Foi na França que o remédio para o próprio Galicanismo nasceu. E veio de um  mosteiro e de um monge. Era dom Gueranger, no século XIX, que é conhecido, antes de  qualquer coisa, como o incentivador e renovador do canto gregoriano em sua abadia,  São Pedro de Solesmes. Porém, para além do incentivo ao santo gregoriano, o abade  trabalho em grande programa de explicação, difusão e incentivo do calendário romano  (e que tornou-se seu famoso “O ano litúrgico”), com uma forma de se voltar França à  Roma. Como? Levando o povo de volta à própria Liturgia romana e dando a esta seu  devido lugar na vida dos fiéis.

Os historiadores da Liturgia têm o costume de colocar Dom Prosper Gueranger  como o iniciador do “Movimento Litúrgico”. Esse Movimento, não muito depois de  Dom Prosper, também se aproximou das fontes principais da própria liturgia que,  devagar, iam sendo publicadas. Era de entendimento geral que a Liturgia não deveria,  simplesmente, ser um mundo arcano e afastado das realidades dos fiéis. Os fiéis deveriam ser conduzidos à Liturgia e levados a um profundo conhecimento e amor por  ela. A religião não deveria ser apenas uma sequência de preceitos, mas de um amor  grande pelo Senhor e centralizar a vida dos fiéis na Santíssima Eucaristia, Nosso Senhor  Jesus Cristo presente no pão e no vinho em Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Durante todo a segunda metade século XIX e a primeira do século XX houve um  movimento gradativo, mas bastante forte, para tornar a Liturgia central na vida dos fiéis.  Apareceram os primeiros missais para aproximar os leigos do ritual, livros sobre a  vivência dos diversos tempos do ano litúrgico, além de dezenas de eventos dentro do  âmbito acadêmico voltado ao estudo da Liturgia. Parecia ser uma primavera litúrgica na  Igreja, trazendo o Cristo para o centro dos olhares e atenções dos fiéis. Porém, nem tudo foram luzes no “Movimento Litúrgico”. Foi depois da II  Guerra Mundial que algo mudou dentro dele. Os clamores por “simplificações” e  “adaptações ao espírito do homem moderno” começaram a ser ouvidos mais altos.
Surgiram teorias sérias que diziam que a liturgia estava degradada e, consequentemente,  precisava ser refeita. E o “Movimento Litúrgico”, ainda que ganhando cada vez mais  força, perdeu seu rumo original. Se a questão original era melhor formar o homem à  Liturgia, a partir desta segunda fase dele há uma mudança de rumo e clama-se para que  a Liturgia se adapte ao homem.

O Concílio Vaticano II, talvez o mais importante evento da Igreja do século XX,  dá centralidade à Santa Missa, à Liturgia, respondendo aos apelos dos peritos do  “Movimento Litúrgico”, inclusive muitos deles estando presentes no próprio evento. E é  dele que sai a Liturgia Reformada pelo papa Paulo VI que chamaremos aqui de “Novus  Ordo”.  O período que segue o Concílio, ainda que se esperasse um período de nova  primavera para a Igreja, liturgicamente foi de quase total e completo caos, sendo também um período complicado, não apenas fora, mas dentro da Igreja. A mídia cria  um Concílio que não é o mesmo Concílio da Igreja. O Concílio da mídia é aquele que  interpretou os documentos eclesiais como bem lhe aprouve, querendo adaptar a Igreja  ao homem moderno e não a linguagem da doutrina de sempre para a sociedade atual.

Explodiu a experimentação dentro da Liturgia, porque o homem moderno é dado a  novidades. O que era anterior ao Concílio, muitas vezes, foi considerado menor, errado  ou estragado, doutrina que, infelizmente, ainda hoje é ouvida por muitas pessoas e  pregada por tantas outras. Muitos homens da Igreja apaixonaram-se pela novidade. O  Missal promulgado pelo papa Paulo VI tantas vezes foi esquecido, tornando-se apenas o  lugar para as orações próprias do dia, todo o resto da Santa Missa, muitas vezes, foi  diminuído ou esquecido. Pululou o invencionismo. Pululou o relativismo. A Igreja sempre manteve a vigilância sobre a Santa Liturgia, mas poucas vezes foi ouvida.  Porém, algo novo aconteceu após o Concílio. Também os leigos entraram na luta pela Santa Liturgia. Frente ao complicado espetáculo que, algumas vezes, se delineava  em certas igrejas, foram também os leigos que pediram fidelidade às normas litúrgicas.  Surgiram, assim, movimentos devotados à correta celebração da Santa Liturgia vindo de  sacerdotes e de leigos. Com o beato papa João Paulo II vimos grandes documentos sobre a Eucaristia e  instruções de como bem celebrar a missa, mas, talvez, o ápice deste movimento foi o pontificado do papa Bento XVI, já no começo do século XXI. O papa Bento XVI não  foi um legislador sobre a Liturgia, nem um legislador sobre nenhuma outra matéria  dentro da Igreja. Legislou sobre a Liturgia, sim, porém uma única vez. Basta nos  voltarmos ao Motu Proprio “Summorum Pontificum” que delineia as normas para o uso  do Missale Romanum do beato papa João XXIII e que chamaremos de “Usus  Antiquior”. Mas, com toda certeza, a imagem do santo padre estará, sempre, associada à  Santa Liturgia. Não apenas por ter sido sempre um grande apaixonado pela Santa  Liturgia, devotando muitas páginas sobre o assunto, como o seu já clássico livro  “Introdução ao Espírito da Liturgia”, mas também porque ele deu-nos o exemplo, com  celebrações solenes e dignas. Também foi ele a dizer que não devemos interpretar o  Concílio de forma errônea e, igualmente, apontar-nos que precisamos de um novo  movimento litúrgico. Porém, este novo Movimento Litúrgico não deve sair de seu  âmbito, assomando a si as ferramentas para julgar e mudar a Liturgia. Isso é  experimentalismo e nem mesmo a Igreja tem feito isso com a Liturgia. O novo  Movimento Litúrgico, antes de mais nada, deve ser a ferramenta de transformação do  homem para bem viver a Santa Liturgia, muitas vezes tirando o próprio homem do centro da celebração e colocando nela Jesus, o Verbo de Deus. Além disso, deve ser base desse novo Movimento Litúrgico a fidelidade às normas e às especificações do  Magistério, cuidando para que os desvios litúrgicos não sejam mais realizados.

O amor pela Santa Liturgia do santo padre Bento XVI contagiou muitas pessoas. Aqui é importante pensarmos que precisamos salvar a liturgia para salvar o mundo. A  Liturgia não é uma sequência de normas dispostas a esmo, como também não é um  mundo sem norma alguma. A Liturgia é o espaço privilegiado de encontro com o  Senhor que vem, do Emanuel Deus Conosco, que se faz presente no meio dos seus. É na  Liturgia que o Esposo vem visitar a Esposa em um encontro íntimo, tão íntimo que nas  antigas igrejas se poderia separar a nave do presbitério no momento da Consagração por uma cortina, fazendo com que os fiéis não vissem o Esposo apresentando-se a esposa.  Salvar a Liturgia dos excessos, dos experimentalismos, dos gostos pessoais, é colocá-la  em seu lugar de direito: como centro da vida dos fiéis, é respeitar suas normas e promover a restituição de sentido do sagrado do mundo. Porém, já nos deveria ser claro que o papa Bento XVI não seria papa para  sempre e que aquele que o sucedesse no Trono de Pedro poderia ter outras obrigações e  planos que não a continuação das propostas litúrgicas de Bento XVI. Isso não leva os papas a serem melhores sou piores, mas nos leva a agradecer aos Céus por termos pessoas diferentes em tempos diferentes e que governam a Igreja segundo as suas necessidades. Assim, chegou a hora de o Movimento Litúrgico que vimos delineando-se no pontificado do papa Bento XVI deixar a internet que, até agora, tem sido também seu  campo privilegiado. Sim, há muita gente que trabalha arduamente para que haja o  desenvolvimento e aplicação das normas na Liturgia e de sua correta celebração, porém, um grande celeiro de conhecedores da Liturgia está no meio virtual. Chegou a hora de deixarmos os teclados de lado e arregaçarmos as mangas, usando, sim, do meio virtual para evangelizar e discutir, mas também precisamos de mãos para trabalhar. Cada uma de nossas igrejas, por menores que sejam, contam agora com nossas mãos. O pouco que temos, bem aplicado, tornar-se-á muito.

Neste espírito, abaixo, sugerimos algumas das possíveis linhas de ação a serem seguidas pelo Novo Movimento Litúrgico. São de fáceis aplicações e, igualmente,  pensadas para serem bastante práticas. 
 
1. Os beneditinos, assim também a Milícia de Santa Maria, não desenvolvem votos de pobreza ou de obediência ao santo padre, mas são obrigados ao voto de “Conversão dos costumes” (conversatio morum) ao entrarem nos mosteiros (ou assumirem a Associação como parte de suas vidas). Trabalhar em prol da Liturgia é muito mais do que criticar a posição das mãos deste sacerdote ou dizer que tais objetos são mais dignos que outros para a Santa Missa. A conversão dos costumes é a base de todo apostolado. Ninguém que queira seguir adiante com o menor apostolado católico  deve se esquecer que a ação, sem a oração, é e será sempre infrutífera, ou pelo menos  efêmera. Se quisermos lutar pela Santa Liturgia, devemos procurar todos os meios possíveis para nossa santificação: buscarmos um bom diretor de consciências, rezar o santo rosário, participar dignamente dos Santos Mistérios, ter uma vida de oração e buscar sempre o Sacramento da Reconciliação. Porém, devemos nos entregar ao Senhor totalmente, esperando que Ele faça de nós seus instrumentos. Sem a conversão de  nossos costumes, o sincero desejo de sermos verdadeiramente santos como o Pai é santo, podemos cair não apenas nas ações vazias, mas em fazer ações que seriam boas tornarem-se más pela nossa soberba. Sem dobrar os joelhos em fervorosa oração, o  Novo Movimento Litúrgico tenderá a falhar desde seu início e a conduzir aqueles que dele tomarem parte a um fim bastante ruim.

2. Não se ama o que não se conhece e, infelizmente, atualmente as pessoas tendem a serem mais espertas que outras. Infelizmente, certos grupos tomam o lugar onde o discurso é feito e discursam qualquer coisa que não o correto, passando-o pelo correto. Devemos retomar o lugar do discurso sobre a Liturgia, ensinando e repetindo o que ensina a Igreja. Assim, a próxima ação é promover o estudo da liturgia, em sua forma mais geral. Não apenas as normas, mas seu sentido, sua teologia e sua espiritualidade. Os mitos devem ser desfeitos e a clareza da Igreja deve brilhar. O material ruim deve dar lugar ao bom material de estudo litúrgico. Opiniões pessoais devem estar em seus devidos lugares e não parecer que estas são as ações em si. A promoção pode ser feita de várias maneiras, a começar pela própria internet, mas também em reuniões em grupos de amigos e paroquianos.

3. Igualmente, caberá a todos nós promover e incentivar o canto sacro. Por definição, o canto sacro católico é o gregoriano, porém a Igreja nunca desprezou outros estilos musicais. Devemos retornar as nossas fontes identitárias em relação à música. O canto gregoriano é simples, ainda que melodioso; austero, ainda que espiritual; leve, ainda que profundo. É tempo de retomarmos nossas fontes e de nos despirmos dos preconceitos contra as formas cantuais tradicionais da Igreja. A volta do gregoriano, e da polifonia sacra, será uma forma de se recoroar o órgão como rei dos instrumentos musicais e das nossas celebrações litúrgicas. Igualmente, a busca por uma melhora constante no canto sacro, levará a criação de novas peças melhores que as atuais (e livres de, por um lado, canto de militância e, por outro, do canto sentimental extremado que gera individualismo).

4. Também, nos caberá promover o Novus Ordo bem celebrado, sem invenções, dentro do espirito característico do Rito Romano que é conhecido pela sua sobriedade. Devemos nos esforçar para que a forma comum de nossas celebrações seja primada não apenas pela sobriedade, mas por grande reverência dos fiéis. Todos aqueles que tomam parte em sua celebração devem primar pelo zelo litúrgico e amor a Nosso Senhor Sacramentado como, igualmente, os sacerdotes devem primar pela sua ars celebrandi. Que os paramentos e objetos sejam dignos, ajudando a elevar os corações  dos fieis ao alto, porém, que eles não sejam a parede ou a muleta onde escora-se a celebração. A Santa Missa bem celebrada pode, ou não, ter bons paramentos, mas terá devoção, boa homilia, zelo litúrgico, acolhida... Ainda que paramentos belos realcem o valor sagrado da Eucaristia, não poucas vezes eles podem transformar-se em uma muleta que leva os olhos ao espetáculo, mas mantem os corações vazios.

5. Igualmente, devemos promover, dando a conhecer e ajudando a desmistificar, o Usus Antiquior. Não devemos opor o anterior ao posterior do Concílio. Da mesma forma, devemos dar a conhecer o Uso Antigo do Rito Romano que foi instrumento de santificação de milhões de fiéis antes do nosso Novus Ordo. Nosso apostolado pode ocorrer de dezenas de formas, na internet com a divulgação de fotos, vídeos e textos. Igualmente, devemos dar a conhecer esta forma litúrgica aos sacerdotes e grupos de fiéisfora da internet. Não de forma abrupta e desrespeitosa, mas com amor e caridade. Os mitos que se desenvolveram em torno do Uso Antigo devem ser desfeitos com calma e caridade. Os grupos de fiéis que, por graça e benção de Deus, já celebramno devem empenhar-se na solenização do mesmo, que as Santas Missas na Forma Extraordinária do Rito Romano resplandeçam pela beleza, sobriedade e profundidade espiritual, tudo favorecendo para elevar o nosso coração ao Senhor.

6. Sabemos que enfrentaremos oposição, como também sabemos que, infelizmente, a situação da Forma Ordinária do Rito Romano em muitas igrejas pelo Brasil e o mundo não é boa, pois abundam a “criatividade” e certo subjetivismo. Então, aqueles que têm os documentos devem chegar e revolucionar o lugar? Ainda que pareça certo, isso é pastoralmente incorreto. A ideia aqui é transbordar o mal com excesso de bem, ou seja, muitos erros que parecem entranhados na comunidade, apenas são considerados certos porque foram ensinados como tal. As pessoas não cometeram erros por hipocrisia, mas pensam que fazem o certo porque foram ensinadas assim. Cabe-nos, com amor, paciência e formação, transbordar esse mal e esse erro em bem e que, antes de tudo, possamos fazer, em proporção, o bem muito mais que a quantidade de mal. Por fim, ficamos com a doutrina da Igreja que diz que dar bom conselho e corrigir o errado, dentro da caridade, são partes dos atos corporais de misericórdia.

7. Por fim, cabe lembrar que a base de todo movimento é a organização. Assim, deve-se organizar-se grupos coesos e com práticas de piedade. Os grupos ajudam a desenvolver a ideia de coesão, pode-se haver líderes e, por exemplo, vários grupos podem juntar-se em organizações maiores e, quiçá, organizarem até eventos de estudo e demonstração. A coesão e a relativa organização são necessárias para que o próprio Novo Movimento possa ser ouvido. Deve-se evitar que os grupos desenvolvam rivalidades, mas que haja um interessante e profícuo convívio fraterno entre eles. Por fim, que os membros de cada grupo lembrem-se que, antes de estudiosos ou acadêmicos, são católicos e como católicos devem se preocupar com suas almas, assim, grupos que não rezam e não entregam seus trabalhos para a maior glória de Deus devem reformar-se. Se cada membro do grupo rezar e o grupo, como unidade, rezar, com toda certeza o trabalho será santificado e irá encontrar um bom caminho.

8. Porém, como leigos, devemos lembrar sempre que, por mais sábios, acadêmicos ou estudiosos que somos, fazemos parte da Igreja discente. Não ensinamos, mas nos resumimos a repetir o que diz a Igreja. São apenas os bispos, pela sua dignidade, que podem ensinar. Assim, devemos buscar apoio eclesiástico, não apenas entre os bispos, mas também entre os sacerdotes, diáconos e religiosos e religiosas. Quanto mais apoios eclesiásticos o Novo Movimento Litúrgico conseguir, mais facilmente ele conseguirá penetrar na Igreja, retirando o que for danoso e, com caridade, consertá-lo, difundindo a todos a Santa Liturgia bem celebrada.

9. Ao contrário de certos expoentes do primeiro Movimento Litúrgico, não devemos nos entender apenas como sábios, mas como católicos que precisam da Igreja para a Salvação. Assim, é nosso dever, sempre e em todo momento, ser fiel ao Magistério da Igreja. Devemos conhecer e pregar a Sã Doutrina e, igualmente, acatar com amor os possíveis documentos que venham a juntar-se ao campo litúrgico. Não devemos, nunca, sermos rebeldes à Igreja, mas deixarmos nossa soberba e orgulhos de lado e sermos fiéis servos e filhos da Igreja.

10. Por fim, entendendo que o grande idealizador e incentivador do Novo Movimento Litúrgico foi o papa Bento XVI, o último passo, será sempre recordar e estudar o legado do papa Bento XVI. Dessa forma, teremos sempre em nossos corações o que este grande papa fez pela Santa Igreja em seus muitos anos de serviço e ministério, também ajudando a difundirmos a boa teologia realizada por ele.São medidas simples e que não são pensadas como um plano de ação fechado em si mesmo ou sem falhas. Linhas de ação delineiam planos e, se bem realizados, esses planos nos levam a metas cumpridas. Não pensem que escrevi sem pensar ou querendo colocar o jugo sobre os ombros alheios, reconheço que devo ser o primeiro a colocar essas atitudes em ação e, igualmente, começar com a minha conversatio morumpessoal. Mas, são pequenos passos dentro do tempo de Deus, que farão o novo Movimento Litúrgico caminhar segundo a vontade dEle.

Assim, nesta Páscoa do ano do Senhor de 2013, entrego esses planos nas Doces Mãos marcadas com as chagas de Nosso Senhor pelas Mãos de nossa Santíssima Mãe e Suserana, a Bem-aventura Sempre Virgem Maria. Que Ela, como mulher Eucarística, possa acompanhar a Igreja do Senhor e interceder por todos aqueles que buscam a sacralização da Santa Liturgia, porque é nela que o Filho se nos torna presente, deixando o homem de lado e ensinando que, na Santa Liturgia, devemos ser não como Lúcifer que quis ser como Deus, mas como Santa Maria e são João Batista que disse (Ioh 3,30): "Illum oportet crescere, me autem minui", a mim importa diminuir para o Cristo aparecer.
São Paulo, 31 de março de 2013
Solenidade da Páscoa do Senhor
Michel Pagiossi Silva
Freire d´Armas da
Militia Sanctae Mariae

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