É um campo em que cabem muitas opiniões, porque não é um tema essencial para a fé e a salvação das almas saber o modus operandi da mente de Jesus, porém temos que ter o cuidado de não afetar o essencial de sua mensagem.
Em
resumo da questão, eu diria que Jesus tinha plena consciência de si e
de sua missão, incluindo vários aspectos do futuro, em virtude daquilo
que Ele "viu do Pai", da sua união hipostática. A consciência, porém,
não precisa ser absoluta e imediata, mas progressiva e somente naquilo
que era necessário.
O que a Igreja já formulou a respeito, são as quatro proposições seguintes. Estão no documento, em espanhol: A consciência que Jesus tinha de si mesmo e de sua missão. No texto completo há mais comentários.
1
- La vida de Jesús testifica la conciencia de su relación filial al
Padre. Su comportamiento y sus palabras, que son las del «servidor»
perfecto, implican una autoridad que supera la de los antiguos profetas y
que corresponde sólo a Dios. Jesús tomaba esta autoridad incomparable
de su relación singular a Dios, a quien él llama «mi Padre». Tenía
conciencia de ser el Hijo único de Dios y, en este sentido, de ser, él
mismo, Dios.
2 - Jesús conocía el fin de su misión: anunciar
el Reino de Dios y hacerlo presente en su persona, sus actos y sus
palabras, para que el mundo sea reconciliado con Dios y renovado. Ha
aceptado libremente la voluntad del Padre: dar su vida para la salvación
de todos los hombres; se sabía enviado por el Padre para servir y para
dar su vida «por la muchedumbre» (Mc 14, 24).
3 - Para
realizar su misión salvífica, Jesús ha querido reunir a los hombres en
orden al Reino y convocarlos en torno a sí. En orden a este designio,
Jesús ha realizado actos concretos, cuya única interpretación posible,
tomados en su conjunto, es la preparación de la Iglesia que será
definitivamente constituida en los acontecimientos de Pascua y
Pentecostés. Es, por tanto, necesario decir que Jesús ha querido fundar
la Iglesia.
4 - La conciencia que tiene Cristo de ser enviado
por el Padre para la salvación del mundo y para la convocación de todos
los hombres en el pueblo de Dios implica, misteriosamente, el amor de
todos los hombres, de manera que todos podemos decir que «el Hijo de
Dios me ha amado y se ha entregado por mí» (Gál 2, 20).
Também convido-os a ler o comentário da mesma Comissão Teológica Internacional na notificação sobre as obras de Jon Sobrino, da teologia da libertação, no item V. A auto-consciência de Jesus Cristo, n. 8.
Não é possível separar, sem perigo de cair nas velhas heresias citadas
no nosso material, o que seria da natureza humana e o que seria da
natureza divina em Jesus. A consciência de Jesus, segundo os documentos
citados acima, é consequência de sua divindade:
"A consciência filial e messiânica de Jesus é a consequência directa da sua ontologia de Filho de Deus feito homem. "Lembro-me também da sua agonia: "Pai, afasta de mim esse cálice", e antes ainda:
"Jesus, o Filho de Deus feito carne, tem um conhecimento íntimo e imediato do seu Pai, uma “visão” que certamente vai para além da fé. A união hipostática e a sua missão de revelação e redenção requerem a visão do Pai e o conhecimento do seu plano de salvação. "
“Os seus olhos [os de Jesus] permanecem fixos no Pai. Precisamente pelo conhecimento e experiência que só Ele tem de Deus, mesmo neste momento de obscuridade Jesus vê claramente a gravidade do pecado e isso mesmo fá-l’O sofrer."
“Pela sua união com a Sabedoria divina na pessoa do Verbo Encarnado, o conhecimento humano de Cristo gozava, em plenitude, da ciência dos desígnios eternos que tinha vindo revelar"
Jesus atribui à sua morte um significado em ordem à salvação; de modo especial Mc 10,45 (Mt 20,28): “o Filho do homem não veio para ser servido mas para servir e a dar a vida como resgate de muitos”; e as palavras da instituição da Eucaristia: “Este é o meu sangue da aliança, que será derramado por muitos”
Mc 8,31-33 (cf. Mt 16,21-28), em algum lugar perto de Cesareia de Filipe, após a confissão de Pedro. “Então começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto e que depois de três dias ressuscitasse”Com o método histórico-crítico e, pior, ligado à teologia da libertação, essas e outras passagens foram destituídas de valor real, mas seriam reconstruções. A Notificação citada diz, simplesmente, sobre isso: "Os dados neo-testamentários são substituídos por uma hipotética reconstrução histórica, que é errada."
Mc 9,30-32: “O Filho do homem será entregue às mãos dos homens, e tirar-lhe-ão a vida; e depois de morto, ressurgirá ao terceiro dia. Mas eles não compreendiam estas palavras, e temiam interrogá-lo.”
Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze, e em caminho lhes disse: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado, e ao terceiro dia ressuscitará. (Mt 20,17-19).
Se negarmos a consciência de Jesus do seu sofrimento, podemos negar o caráter de dom e de sacrifício de sua morte. Como disse antes, pode-se admitir um crescimento nessa consciência divina, mas nunca para depois do início de sua missão pública. Isso explica também o porque do seu escondimento e fuga daqueles que já no início queriam fazê-lo rei.
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