domingo, 30 de março de 2008

O ser humano na Gaudium et Spes

A Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo tem como fundamento de reflexão o homem na sua unidade e integridade: corpo e alma, coração e consciência, inteligência e vontade (§3).
A atual fase da história é a de maior desenvolvimento e de mais rápidas transformações. Em meio a uma crise de crescimento, muitos se tornam incapazes de discernir valores verdadeiramente permanentes (§4).
O homem se experimenta limitado como criatura, porém com desejos ilimitados, chamado a uma vida superior. A Igreja acredita que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontram em Jesus Cristo e que há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre (§10).

O homem criado à imagem de Deus é na Sagrada Escritura sinal de sua dignidade. É capaz de conhecer e amar o seu Criador e é senhor de todas as criaturas terrenas. É também, por sua própria natureza, um ser social e inclinado para o mal (§12).
Sendo uno de corpo e alma, o homem sintetiza em si mesmo os elementos do mundo material, não podendo, pois, desprezar a vida corporal. Por sua interioridade, o homem é superior às coisas materiais e o transcende. Ao reconhecer em si uma alma espiritual e imortal, atinge a verdade profunda das coisas (§14). Essa natureza espiritual encontra sua perfeição na sabedoria, que atrai o espírito do homem à busca e amor da verdade e do bem (§15).
Na própria consciência humana encontra-se uma lei que está a chamar ao amor do bem e fuga do mal. Pela obediência e fidelidade à essa voz o homem está livre da arbitrariedade. É certo, porém, que a consciência pode errar por ignorância invencível ou se enfraquecer progressivamente com o hábito do pecado (§16). A dignidade do homem exige que se proceda segundo a consciência por livre adesão, não levado por cegos impulsos ou por coação externa. Essa liberdade não consiste na licença de fazer seja o que for, mas em buscar o que é bom (§17).

O temor da morte faz o homem pensar na sua condição transcendente. Todo o desenvolvimento técnico e científico esbarra no temor de que tudo se acabe para sempre com a morte. A fé cristã ensina que a morte corporal será vencida pela incorruptível vida divina que o Cristo ressuscitado nos obteve (§18).
Cristo revela o homem a si mesmo e é a sua plenitude. Homem perfeito, restitui a semelhança divina que fora deformada. Sofrendo por nós, não só nos deu um exemplo, mas resignificou a vida e a morte, dando-nos condições de cumprir nossa vocação divina (§22).

Como todos são chamados a um mesmo fim, os homens formam uma só família, sendo o amor de Deus e do próximo o primeiro e maior dos mandamentos. A pessoa humana deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais. Qualquer perturbação da ordem social nasce do egoísmo e do orgulho dos homens. A busca do bem comum implica em direitos e deveres a todo o gênero humano e que a ordem das coisas esteja subordinada à ordem das pessoas (§24-26).
Os homens não são todos iguais quanto à capacidade física e forças intelectuais e morais, mas prevalece uma igualdade essencial entre todos: dotados de alma racional e criados à imagem de Deus (§29). Cumpre primeiro a cada um tornar-se consciente da própria dignidade e responder à sua vocação para chegar ao sentido de responsabilidade e à vontade de tomar parte nos empreendimentos comuns (§31).
A imensa atividade humana e suas conquistas trazem consigo questões de sentido e valor. É certo que o objetivo imediato de tais ações é melhorar as condições de vida dos homens. Toda atividade procede do homem e a ele se ordena, realizando-se a si mesmo (§33-35).
Todas as coisas possuem consistência, verdade, bondade e leis próprias que devem ser respeitadas mas não podem ser opostas à fé, pois têm origem no mesmo Deus (§36).
Pela sua encarnação, Cristo recapitulou toda a história do mundo e, pela sua ressurreição, transformará todo o universo, levando-o à sua plenitude, apesar de não sabermos o tempo e o modo como isso se dará (§38-39).
Desse modo, a Igreja não se limita a comunicar a vida divina; ilumina todo o mundo trabalhando pela dignidade do homem, consolidando a sociedade e dando sentido profundo às atividades humanas. Ela porta as respostas às aspirações mais profundas do coração humano enquanto é presença de Cristo, princípio e fim de toda a criação (§41-45).

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