quinta-feira, 17 de junho de 2010

O misterioso matrimônio cristão

“É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e a Igreja” (Ef 5,32). Mas também é grande o mistério do matrimônio cristão. Afinal, era sobre isso que Paulo falava: “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Ef 5,31, citando Gn 2,24).
Na Igreja, entre batizados, o matrimônio é um sacramento. E como todo sacramento, sinaliza e torna atual uma realidade transcendente, divina. No batismo, pela água, é significada e realizada a inserção da pessoa em Cristo, em sua morte e ressurreição, através de seu Corpo visível que é a Igreja. No matrimônio, pelo consentimento mútuo de amor dos esposos e sua promessa de fidelidade, é significada e realizada a união amorosa entre Cristo e a Igreja.
De fato: Deus amou o mundo antes mesmo de o criar; por isso criou, para comunicar seu amor. E comunicou definitivamente se fazendo homem, em Jesus Cristo, e amando até o fim, isto é, até a morte (cf. Ef 5,2; Fl 2,8). Este é o modelo de amor proposto ao homem: “Amai-vos uns aos outros, como eu [Jesus] vos amei” (Jo 13,34; 15,12). Amor até o fim, incondicional, que não busca benefícios para si, mas coloca o outro acima da própria vida.
Exigência utópica? Nem tanto. Não é tão raro encontrar esse tipo de amor na família, mesmo que em algumas circunstâncias apenas, porque o ser humano falha sempre. O matrimônio, instituição fundante da família, é o lugar da melhor vivência do amor ao próximo, lugar da partilha e da doação, onde só se ganha sendo os dois “uma só carne”, uma só vida. Morre o interesse individual (não o indivíduo) para dar lugar ao casal, a nova vida a dois. Quando um quer ganhar sozinho, os dois perdem. Quando um perde em vista do bem comum do casal, os dois ganham. Doam um ao outro tudo que têm e que são, psicológica, espiritual e fisicamente.
E o amor não se esgota no círculo fechado dos dois. Um amor total, como o de Deus, tende a transbordar. Busca o infinito. O próprio Deus, que é Amor, é Três, e ainda criou tudo o que existe para transbordar seu amor. No matrimônio, sinal desse amor, homem e mulher estão abertos a outras vidas, gerando-as inclusive. São, ainda mais, sinal do amor criador de Deus, coparticipantes do dom da criação. Os filhos são como que a coroa do matrimônio e ainda preventivo de um possível egoísmo a dois. O filho fruto do amor dos pais se torna o novo centro para o qual converge aquele amor-doação. Longe de diminuir o amor do casal, a paternidade responsável reforça aquele vínculo afetivo-espiritual que agora une três, fazendo da família um sinal da Trindade eterna. É como Cristo que ama a Igreja, pela qual se entregou, e a Igreja que gera e educa filhos para Deus: a missão da Igreja é a missão da família.
A falta desta consciência dos bens do matrimônio e de suas exigências é um dos motivos pelos quais os casamentos e a própria instituição familiar passa por dificuldades. Se esta formação é precária mesmo dentro da Igreja, onde o casamento não é mera formalidade mas sacramento, a tarefa dos casais de serem sinal do amor de Deus pelos homens torna-se ainda mais urgente. Para o bem da humanidade.

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