Afirmação do Cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, na manhã desta quinta-feira na Pontifícia Faculdade Teológica da Universidade de Wroclaw, na Polônia.
Notícia recolhida de Rádio Vaticana
"O Cardeal Bertone perguntou-se se o princípio da soberania popular – que funda as modernas democracias eletivas – pode ser aplicado também à Igreja, considerando "que é diferente a natureza" de Estado democrático e de Igreja.
O cardeal secretário de Estado observou ainda que as origens e os fins de ambos são diferentes, embora "não faltem também na Igreja elementos de forte afinidade "que a fazem respirar democraticamente", a partir da "centralidade da pessoa humana": e não há duvida de que "um impulso decisivo" nesse sentido tenha sido dado pelo Concílio Vaticano II – disse.
O purpurado defendeu que a Igreja não pode tornar-se uma democracia, embora diversos movimentos hoje reclamem a sua "democratização" "para se passar de uma Igreja considerada paternalista", "colocada de cima para baixo", "a uma Igreja-comunidade".
Essas críticas e aspirações correspondem à idéia de "uma Igreja que se constitui mediante discussões, acordos, decisões e que, no debate, faz emergir aquilo que pode ser exigido do fiel". E "também a liturgia não foge desse processo, na medida em que não deve corresponder a um esquema prévio já estabelecido", mas surgir "por obra da comunidade pela qual é celebrada".
Uma Igreja, fruto de autodeterminação democrática, apresenta, porém, perguntas precisas: "A quem cabe o direito de tomar decisões? As decisões devem ser tomadas baseadas em que?"
O secretário de Estado vaticano observou que "uma Igreja que repousa somente em decisões da maioria se torna uma Igreja puramente humana, reduzida a nível daquilo que é factual e plausível", "onde a opinião substitui a fé".
Então, como "superar uma análoga crise"? O Cardeal Bertone indicou, em primeiro lugar, o caminho da "comunhão" eclesial, fazendo e decidindo juntos, porque – ressaltou – convocados por Cristo a construir a Igreja para anunciar a salvação do mundo, priorizando o testemunho, e não a representatividade."
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